Programa ‘Brasil sem Miséria’ vai atender, assim, 8,5% da população. 
Dilma lançará programa ‘nas próximas semanas’, segundo ministra. 
A ministra de Desenvolvimento e Combate à Fome, Tereza Campello,  anunciou nesta terça-feira (3) que o Brasil tem 16,27 milhões de pessoas  em situação de extrema pobreza, o que representa 8,5% da população. A  identificação de pessoas que vivem abaixo da linha da pobreza foi feita  pelo Instituto de Geografia e Estatística (IBGE) a pedido do governo  federal para orientar o programa “Brasil sem Miséria”, que será lançado,  segundo Campello, nas próximas semanas pela presidente Dilma Rousseff.
O objetivo do programa será garantir transferência de renda, acesso a  serviços públicos e inclusão produtiva para resgatar brasileiros da  miséria.
“Essa taxa [de 8,5% dos brasileiros em situação de miséria] indica que  não estamos falando de uma taxa residual. A taxa de extrema pobreza  atinge quase um brasileiro a cada dez”, afirmou o presidente do IBGE,  Eduardo Pereira Nunes, que participou da entrevista coletiva ao lado de  Tereza Campello.
De acordo com o IBGE, do contingente de brasileiros que vivem em  condições de extrema pobreza, 4,8 milhões tem renda nominal mensal  domiciliar igual a zero, e 11,43 milhões tem renda de R$ 1 a R$ 70.
Ainda segundo o levantamento, a grande maioria dos brasileiros em  situação de miséria é parda ou negra, tanto na área rural quanto na área  urbana.
“Na área urbana, quanto maior é a renda da população maior é o  contingente de população branca. Quanto menor a renda maior a população  parda e negra. O mesmo acontece na área rural, quanto menor a faixa de  renda, maior a proporção de cor negra ou parda”, disse o presidente do  IBGE.
Segundo o IBGE, 46,7% das pessoas na linha de extrema pobreza residem  em área rural, apesar de apenas 15,6% da população brasileira morar no  campo. O restante das pessoas em condição de miséria, 53,3% mora em  áreas urbanas, onde reside a maior parte da população - 84,4%.
A região Nordeste concentra a maior parte dos extremamente pobres -  9,61 milhões de pessoas ou 59,1%. Destes, a maior parte (56,4%) vive no  campo, enquanto 43,6% estão em áreas urbanas. A região Sudeste tem 2,72  milhões de brasileiros em situação de miséria, seguido pelo Norte, com  2,65 milhões, pelo Sul (715,96 mil), e o Centro Oeste (557,44 mil).
A ministra Tereza Campello afirmou que a pesquisa do IBGE vai ajudar a  direcionar as ações do “Brasil sem Miséria”. Segundo ela, o governo será  capaz de erradicar quase que por completo a extrema pobreza em quatro  anos.
“A ideia é de que estamos fazendo um esforço extraordinário do governo  federal, dos governos estaduais e dos municípios para erradicar a  extrema pobreza. Não estamos falando de um plano que continuará, mas de  uma força tarefa [para erradicar a pobreza em quatro anos]. O plano  acaba em quatro anos”, disse a ministra.
Ela explicou que os programas sociais que beneficiam famílias pobres  mas com renda superior a R$ 70 continuarão, como o Bolsa Família e o  Minha Casa, Minha Vida.
“Continuaremos com as ações de transferência de renda e ações de saúde e  educação na faixa dos R$ 70 a R$ 140. Mas quando você vê o grau de  fragilidade para os que vivem abaixo dessa faixa, justifica que a gente  tenha um olhar especial”, disse, explicando a escolha de dedicar próximo  programa do governo aos brasileiros que ganham menos de R$ 70.
Para demilitar os brasileiros que vivem em condição de extrema pobreza,  o governo utilizou dados preliminares do Censo Demográfico de 2010. A  linha de pobreza foi estabelecida em R$ 70 per capita considerando o  rendimento nominal mensal domiciliar.
Desse modo, qualquer pessoa residente em domicílios com rendimento  menor ou igual a esse valor é considerada extremamente pobre. Há, no  entanto, integrantes de uma família que, apesar de não terem qualquer  rendimento, não se encaixam na linha de extrema pobreza.
Para calcular as pessoas sem rendimento que, de fato, se incluem na  linha de miséria, o IBGE realizou um recorte que considerou os seguintes  critérios: residência sem banheiro ou com uso exclusivo; sem ligação de  rede geral de esgoto ou pluvial e sem fossa séptica; em área urbana sem  ligação à rede geral de distribuição de água; em área rural sem ligação  à rede geral de distribuição de água e sem poço ou nascente na  propriedade; sem energia elétrica; com pelo menos um morador de 15 anos  ou mais de idade analfabeto; com pelo menos três moradores de até 14  anos de idade;com pelo menos um morador de 65 anos ou mais de idade.